segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ARTIGO NO JORNAL DIÁRIO DO AÇO

É com uma satisfação enorme que reproduzo aqui um artigo que escrevi e que foi publicado recentemente no Jornal Diário do Aço.

Atitude

Acompanhando as notícias veiculadas nos quatro cantos de nosso Brasil, tenho percebido uma mudança significativa no comportamento do povo brasileiro. Gente de todas as idades e de todos os segmentos da sociedade se manifestando contra um mesmo comportamento há muito vigente em nossa terra.

O início de nossa existência como “país descoberto” já ocorre com a entrega dos bens mais preciosos que tínhamos em troca de “bugigangas” que eram novidades. Maravilhados com o desconhecido, iludidos pela sensação de “poder ter”, nossos índios entregaram nossas sementes de pau-brasil (ou “pau de tinta”) para a coroa portuguesa.

Todavia, apesar da referência ao início de nossa história, o tema já é discutido desde os primórdios da humanidade.

Etimologicamente, o termo corrupção vem do latim corruptio que significa “degradação ou decomposição”. Na Grécia antiga, Aristóteles abordava a questão, afirmando que a corrupção constitui “a mudança de algo ao não-ser desse algo”.  Numa visão filosófica, entendia que corromper era transformar algo em seu oposto.

Diversos setores e órgãos de nossa sociedade, infelizmente, são conhecidos por um histórico de corrupção, de práticas de degradação dos valores morais daqueles que o compõem, em troca de favores ou bens, numa necessidade sofismável e repugnante de ganância.

Esta prática, por tempos, foi aceita pela sociedade. Não foram poucas as vezes em que se falou: “alguém roubou, porque todo mundo rouba, mas fez” ou “ali todo mundo é corrupto” e, quando alguém destoa, com conduta íntegra, não tem o valor reconhecido, como se fosse apenas mais um a necessitar de um pouco de tempo para se corromper!

Contudo, parafraseando nosso ex Presidente, “como nunca antes na história desse país”, a sociedade tem gritado por um basta nesta conduta. Diversas são as manifestações, espalhadas por todo o território, e, da mesma forma, inúmeras tem sido as demonstrações de honestidade e ilibação dos agentes que, outrora, eram vistos como parte de “setores reconhecidamente corruptos”. Legisladores, governantes, policiais, a sociedade como um todo, tem repensado sua conduta, seus valores. Não tem sido poucos os exemplos de mudança de comportamento neste Brasil afora: em Brasília, um deputado abriu mão de toda a “verba extra” de gabinete, entendendo que o salário é mais do que suficiente para suprir suas necessidades; no Rio de Janeiro, policiais recusam uma propina milionária e prendem um dos traficantes mais procurados do país; nas principais capitais, movimentos de agigantam na luta contra a corrupção.

O Brasil está mudando, e nos parece importante reconhecer isto. Não há mais espaço para o discurso vazio de que “só não se corrompeu porque a oferta foi pequena” ou qualquer outra do gênero.

Há, ainda, muito por se fazer. Há, certamente, muito a avançar. Mas muito já se mudou e a continuidade da mudança depende do reconhecimento do que se já fez.

Nossa esperança é a de que as mudanças tenham continuidade e que a sociedade perceba que há aqueles que, não obstante o sistema, tem feito a diferença.

E, por falar em esperança, nada mais propício do que citar Emily Dickinson, uma poetisa americana que influenciou o seu tempo. Disse ela:

“A esperança tem asas. Faz a alma voar. Canta a melodia mesmo sem saber a letra. E nunca desiste. Nunca!”


Para acessar a edição eletrônica do jornal (do dia 12/02/2012), basta clicar no link http://www.diariodoaco.com.br/img/naintegra/20120212/PDF/MTIwMTIwMjEyMTU=.PDF